domingo, 28 de setembro de 2008

Espécies da Flora Ameaçadas segundo o MMA

A nova Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção elaborada pela Fundação Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente relaciona 472 espécies, quatro vezes mais que a lista anterior de 1992. Os biomas com maior número de espécies ameaçadas são a Mata Atlântica (276), o Cerrado (131) e a Caatinga (46). A Amazônia aparece com 24 espécies, o Pampa com 17 e o Pantanal com duas. Nenhuma espécie da lista anterior foi excluída.
A instrução normativa atualizando a lista foi assinada, nesta sexta-feira (19), pelo ministro Carlos Minc em solenidade no Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), com a presença do presidente do JBRJ, Lizst Vieira; da secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito; da Sociedade Botânica do Brasil, Paulo Guínter Wíndish; do diretor de pesquisa científica do JBRJ, Fábio Scarano, e do diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, entre outros representantes da academia e da sociedade civil.
Segundo Minc, o desafio agora é coibir o crime ambiental, criar mais unidades de conservação, estimular a criação de RPPNs e tomar medidas para impedir o corte, o transporte e a comercialização de espécies ameaçadas. "Essa lista coloca para nós uma série de desafios para revertermos o quadro da destruição da biodiversidade e todos temos um papel importante a desempenhar", disse o ministro.
De acordo com a instrução normativa, que deve ser publicada no Diário Oficial da União na próxima semana, as espécies constantes da lista são consideradas prioritárias para efeito de concessão de apoio financeiro à conservação pelo governo federal e sua coleta será efetuada somente com autorização do órgão ambiental competente.
Também constam da lista das ameaçadas, 12 espécies de importância madeireira que já integram a lista de 1992. A nova lista adiciona uma única espécie de interesse madeireiro, o "pau-roxo" (Peltogyne maranhensis), da Amazônia. Entre as outras espécies de uso econômico estão algumas de uso alimentício (caso do palmito/juçara), medicinal (jaborandi), cosmético (pau-rosa) e também ornamental. O jaborandi e o pau-rosa também já constam da lista de 1992.
O crescimento no número de espécies em relação à lista anterior reflete não apenas o aumento das pressões antrópicas sobre a vegetação de diferentes regiões brasileiras ocorrido ao longo das últimas três décadas, mas também um melhor nível de conhecimento sobre a flora brasileira e a participação de uma parcela mais expressiva da comunidade científica no processo de elaboração da lista.
No que se refere às regiões brasileiras, o Sudeste apresenta o maior número de espécies ameaçadas (348), seguido do Nordeste (168), do Sul (84), do Norte (46) e do Centro-Oeste (44). Neste contexto, Minas Gerais (126), Rio de Janeiro (107), Bahia (93), Espírito Santo (63) e São Paulo (52) são os estados com maior número de espécies ameaçadas.
Este fato é um reflexo da presença, particularmente nas regiões Sudeste e Nordeste, dos biomas com maior número de espécies ameaçadas, caso da Mata Atlântica, bem como o fato de essas duas regiões concentrarem os estados cuja biodiversidade é mais bem conhecida.
Espécies com deficiência - Uma segunda lista elaborada pela Fundação Biodiversitas inclui as espécies com deficiência de dados (Anexo II da Instrução Normativa assinada pelo ministro Carlos Minc disponível no site do MMA), composta de 1.079 espécies. Este grupo refere-se a espécies cujas informações (distribuição geográfica, ameaças/impactos e usos, entre outras) são ainda deficientes, não permitindo seu enquadramento com segurança na condição de ameaçadas. As espécies constantes do anexo II da lista de flora ameaçada não estarão sujeitas às restrições previstas na legislação em vigor.
De acordo com a secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, um dos importantes desafios que o MMA assume ao editar novas listas de espécies ameaçadas é assegurar que essas espécies sejam retiradas das listas e, da mesma forma, as que estão com dados insuficientes sejam esclarecidas.
Para isso, o MMA, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e com o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e, em parceria com outros ministérios e a sociedade civil organizada, estão aprimorando mecanismos para a integração de esforços visando incrementar ações voltadas ao conhecimento da biodiversidade presente nos diversos biomas brasileiros e a recuperação das espécies ameaçadas.
Com a divulgação da nova lista, o MMA planeja desenvolver, juntamente com suas vinculadas, um plano estratégico coordenado pelo JBRJ voltado à efetiva conservação e recuperação das espécies ameaçadas. Este plano seguirá as diretrizes estabelecidas pelas Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010, da Conabio, que incluem, entre outros pontos, a elaboração de planos de ação e a criação de Grupos Assessores para todas as espécies ameaçadas de extinção; a conservação efetiva da totalidade das espécies ameaçadas em Áreas Protegidas; a conservação em coleções ex situ de 60% das espécies de plantas ameaçadas e a inclusão de 10% das espécies de plantas ameaçadas em programas de recuperação e restauração.
A primeira lista das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção foi editada em 1968 (Portaria IBDF nº 303), com a inclusão de 13 espécies. A segunda ocorreu em 1980 (Portaria IBDF nº 1471), com a adição de uma espécie à lista anterior. Em janeiro de 1992 foi publicada uma nova lista, (Portaria Ibama nº 6-N), desta vez com a inclusão de 107 espécies. Três meses após, por meio da Portaria Ibama nº 37-N, foi editada uma nova lista, com 108 espécies.

Ganhar dinheiro com créditos de carbono

O empresário paulista Juarez Cotrim, proprietário da indústria de tijolos Cerâmica Luara, descobriu em 2005 uma oportunidade de negócio ambientalmente sustentável: o mercado de créditos de carbono. O primeiro passo foi adaptar a indústria para cumprir os padrões de emissão de CO2. Produzindo mais de 400 mil tijolos por mês, a cerâmica substituiu as lenhas nativas que eram usadas na queima pela biomassa, um pó de serra feito somente de madeiras de reflorestamento que polui menos o ar. Essas mudanças garantiram à empresa, em 2007, a aprovação de um projeto para a venda de créditos de carbono. Esse mecanismo de mercado, criado pelo Protocolo de Kyoto, permite que empresas que reduziram as emissões de gases que contribuem para o efeito estufa possam vender esses créditos a companhias de países desenvolvidos. Até agora a Cerâmica Luara vendeu mais de 30 mil toneladas de CO2 no mercado de créditos de carbono. A primeira venda, de 23,7 mil toneladas, foi fechada com os Estados Unidos, em fevereiro. A segunda foi realizada no mês passado, com a França, e correspondeu a 6.370 toneladas de CO2. Cada tonelada garante o retorno de seis euros. "Investi o dinheiro na própria empresa. Troquei o maquinário de produção e modifiquei a parte elétrica para reduzir mais o consumo de energia", afirma Cotrim. Segundo ele, a mudança de postura faz parte de uma tomada de consciência em relação ao futuro do planeta. "Ficamos preocupados, com medo de que nossos filhos não tenham os mesmos recursos naturais ou que não conheçam algumas espécies", destaca o empresário. "Estamos contribuindo de duas maneiras com preservação do meio ambiente. Primeiro, deixando de queimar a lenha nativa estamos contribuído ao não desmatamento. E segundo, queimando a biomassa estamos contribuindo com a diminuição da poluição", destaca. A conquista da empresa Cerâmica Luara serve de exemplo para os empresários que desejam aproveitar as oportunidades de negócios rentáveis e ecologicamente corretos. "Estou fazendo a minha parte e espero que outros empresários façam o mesmo. Hoje estão pagando para protegermos o meio ambiente. No futuro, podem nos proibir de trabalhar se não deixarmos de poluir", acredita. A Cerâmica Luara, há 20 anos no mercado, fabrica tijolos de oito furos e, mais recentemente, também blocos de seis furos. "Hoje temos uma infra-estrutura para atender o município de Panorama e toda a região. Atendemos também outros estados", conta Cotrim. APL O processo de produção sustentável que é praticado na Cerâmica Luara começou com a implantação de um APL (Arranjo Produtivo Local) desenvolvido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O APL possui 72 empresas de cerâmicas vermelhas nas cidades de Ouro Verde, Panorama, Paulicéia, Presidente Epitácio e Teodoro Sampaio. O objetivo é que as cerâmicas trabalhem em conjunto, em prol da rentabilidade e da produção sustentável. Além da Luara, outras nove empresas do setor de cerâmicas vermelhas que integram o APL também adaptaram suas produções e já estão em processo de certificação para comercializar créditos de carbono. Com isso, espera-se atrair mais investidores desse mercado para a região. Contato Telefone: +55 (18) 3871-3177 Site: www.ceramicaluara.com.br
E-mail: ceramicaluara@hotmail.com

Eucalipto é a árvore que mais retém carbono em Portugal

A árvore "campeã" no combate aos poluentes a quem são atribuídas as alterações climatéricas é, em Portugal, o eucalipto, de acordo com estudos realizados em três tipos diferentes de coberto vegetal.De acordo com dados do professor universitário de Ecologia Florestal João Santos Pereira, medições que vêm sendo realizadas numa plantação de eucaliptos perto de Pegões, concelho de Palmela, indicam que aquela árvore de crescimento rápido é a que retém da atmosfera mais dióxido de carbono, considerado o principal responsável pelo aquecimento global da atmosfera. Elementos recolhidos pelos cientistas indicam que naquele eucaliptal a retenção de carbono variou entre as 7,45 toneladas de carbono por hectare e por ano, em 2003, e 4,77 toneladas em 2006.Em comparação, valores obtidos num montado de sobreiros perto de Évora indicaram que a retenção de carbono por aquelas árvores foi de 0,47 toneladas por hectare/ano de área arborizada em 2003 e de 1,8 toneladas no ano passado.A explicação para esta diferença está, segundo os cientistas, no facto de as árvores que crescem mais rapidamente terem uma capacidade superior para reter o dióxido de carbono, que através da fotossíntese das folhas transformam depois em oxigênio.O resultado efectivo da retenção é obtido através da subtracção ao total de dióxido de carbono absorvido durante o dia, quando exposta à luz solar, da chamada respiração, que a árvore realiza durante a noite, com a ausência de luz, em que devolve à atmosfera parte do gás poluente retido com a iluminação natural.Em declarações à agência Lusa, João Santos Pereira, presidente do Conselho Científico do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, acrescentou que os resultados obtidos nas pastagens indicam valores de sequestro de carbono pelas ervas semelhantes aos do montado, cerca de 1,97 toneladas por hectare/ano em 2006, no caso de outra herdade dos arredores de Évora. Dados reunidos pelo investigador indicam que nos restantes países europeus os números são semelhantes: média de 1,5 toneladas de carbono por hectare/ano nas pastagens, enquanto nas florestas esses valores sobem para entre cinco a seis toneladas por hectare.As estimativas, acrescenta João Santos Pereira, indicam que as florestas da União Europeia retiveram sete a 12% do carbono emitido em 1995 pela queima de combustíveis fósseis - petróleo, gás e carvão. Em Portugal não foram ainda feitas medições referentes a áreas florestadas com pinheiro bravo, mas no Sul de França foram atingidos valores na ordem das seis toneladas por hectare/ano.Embora sem se conhecerem cálculos sobre o total de carbono retido pela floresta portuguesa, admitindo que cada um dos 700 mil hectares de montado existentes no país retenha 1,8 toneladas de carbono ano, como sucedeu nas medições realizadas perto de Évora, no total conseguiriam retirar da atmosfera 1,26 milhões de toneladas de carbono.Contudo estes cálculos pecarão sempre pela falta de rigor, dado o grande número de variantes a ter em conta, nomeadamente as características dos diferentes montados ou as distintas densidades de árvore por hectare, entre outras. Mesmo assim e para dar uma ideia do que está em causa, o valor calculado de 1,26 milhões de toneladas não chega a 2% das 88,44 milhões de toneladas de carbono libertadas para a atmosfera em Portugal no ano passado, de acordo com dados do Instituto do Ambiente.

O Plástico Verde

O 13º. Congresso Brasileiro de embalagem, promovido pela Associação Brasileira da Embalagem (Abre), revelou que a palavra de ordem dessa indústria, que deve movimentar, em 2008 R$ 34,7 bilhões, é sustentabilidade. Duas das maiores empresas do setor petroquímico, que participam do evento dedicado ao setor de embalagens, a Dow Química e a Braskem, levaram suas novidades em tecnologia para embalagens, é o polietileno linear (Dow) e o polietileno verde (Braskem), um tipo de plástico que é produzido a partir do etanol da cana-de-açúcar, no lugar do petróleo. Segundo a gerente de desenvolvimento de mercado da Dow, Fabiana Teixeira, o produto é o de baixa densidade linear, ou seja, poderá ser utilizado para embalagens flexíveis em diversos setores. A joint venture que a empresa formou com a usina Santa Elisa proporcionará uma produção anual estimada de 350 mil toneladas do produto, a partir de 2011. Ela destaca que a fábrica ainda tem local definido para ser levantada, mas que será necessária uma infra-estrutura com fazendas para o fornecimento da cana e rodovias para o escoamento da produção, que deve atender a cerca de 1% da demanda por polietileno no Brasil. "O objetivo é proporcionar uma alternativa que agregue valor ao produto de nossos clientes, é um novo nicho de mercado que, em tempos de conscientização ambiental, a Dow deseja crescer", indica a executiva. A escolha pelo etanol da cana-de-açúcar para o "plástico verde" proporciona maior produtividade em relação às outras fontes. É o que revelou a gerente de conta do projeto polietileno verde da Braskem, Leonora Novaes. Em sua apresentação no congresso, ela descreveu o processo de desenvolvimento do produto, que começou em 2006 e que desde 2007, produz 12 toneladas do polietileno em uma planta piloto. Porém, o plano para 2010 inclui uma planta industrial que deverá produzir 200 toneladas anualmente, resultado de um investimento estimado entre US$ 240 a US$ 270 milhões. A meta da empresa é de produzir o polietileno verde de baixa e alta densidade, fato que, segundo ela, aumentaria a abrangência de aplicação desse produto para quase todas as conhecidas atualmente. Apesar desses investimentos em novos produtos e tecnologias, o presidente da Ibema, Rui Brandt resume a certeza do setor quanto à presença do papel nas embalagens, "nunca deixará de ser utilizado".

Reflorestamento na Argentina

As plantações florestais têm um alto impacto econômico e geram uma importante quantidade de emprego regional. Implicam uma cadeia de produção completa que contém pesquisa, a produção primária e a industrialização. A Argentina conta na atualidade com indústrias de base florestal, que satisfazem as necessidades do mercado local e geram saldos das exportações em condições competitivas. Assim, com 1,2 milhões de hectares de bosques plantados (4% da superfície cultivada na Argentina), se estima que o setor de base florestal aporta em torno de 2% do PBI nacional, gerou exportações de $1 mil milhão em 2007 e importações por $1,4 mil milhões de dólares (déficit comercial $400 milhões de dólares em 2007). O emprego direto e indireto se estima em 500.000 trabalhadores. Mais de 90% da produção industrial de base florestal provém de florestas cultivadas plantadas nos últimos 30 anos com base de diversos regimes de promoção entre os que claramente se destacam pelos resultados obtidos que surgiram a partir da lei 20.560 de 1974. A atividade florestal possui características particulares: a) Se trata de uma investimento a longo prazo – entre 8 e 30 anos;b) A madeira se processa localmente, e para seu aproveitamento integral requer diversidade industrial;c) É um cultivo com protocolos internacionais de melhores práticas em sustentabilidade gera produtos renováveis, reciclados, contribuindo positivamente a mitigar o fenômeno do câmbio climático segundo a FAO. A lei 25.080 regula a promoção desta atividade a partir do ano de 1999, logrando incrementar a massa florestada em aproximadamente 300.000 hectares, ainda com os valores econômicos dos anos 2001 e 2002. Assim mesmo, gerou aproximadamente 50.000 novos postos de trabalho, e ingressos potenciais futuros com a primeira transformação industrial da madeira ao redor de 15 mil milhões de dólares. A promoção significou ganhos para o Estado. De acordo com analise preliminar realizado dos fundos destinados a promoção até 2007, o Estado recupera a venda de toras 7 vezes o importe que aportou e na venda da primeira transformação industrial dessa madeira, 41 vezes. Isto implica uma taxa interna de retorno para o fisco de 10% anual para o primeiro caso e de 19% anual (em dólares) com os produtos industrializados na primeira transformação (não inclui móveis, carpintaria, papéis, etc.). Espera-se que antes do final desse mês a Câmara de Deputados da Nação sancione a prorrogação da lei 25.080 por outros dez anos. Informe preparado com dados da Direção de Forestacion (SAGPyA) e da Asociacion Forestal Argentina por técnicos de ambas instituições.

domingo, 24 de agosto de 2008

Opinião do Professor Sebastião Valverde

O mundo se curva à silvicultura brasileira por ser a melhor, mais competitiva e sustentável de todas as nações. Apesar do Brasil ser caçulinha frente aos países players no mercado internacional de produtos florestais, o País atua com personalidade e firmeza, conquistando posições cada vez melhores no ranking dos exportadores. A globalizaçãotem sido útil para mostrar ao mundo e aos brasileiros o quão forte são nossas indústrias florestais. Estudos demonstram que o Brasil, no mercado internacional de celulose, é isolado o país que tem o maior efeito competitividade das exportações, ao contrário dos players que tem apresentado comportamento negativo neste quesito. Isto explica por que as grandes indústrias nórdicas e norte-americanas têm migrado para cá e, ou, têm sondado as condições para aqui investir. Toda esta nossa superioridade se deve às tão comentadas condições naturais de fatores edafoclimáticas), a nossa competência gerencial e ao avanço tecnológico da silvicultura que, em menos de 40 anos de ciência florestal, foi capaz de conferir ao Brasil condições de crescimento florestal cerca de até 10 vezes superiores que nos países tradicionais. A oportunidade é esta. O país receberá muitos investimentos em indústrias e plantações florestais. Somos imbatíveis nesta área. Nossos mais próximos concorrentes, mesmo tendo idêntcas condições naturais de fatores, não têm expressão em termos de espaço territorial. Pena que estas oportunidades não vieram antes de uma crise que há 30 anos assolou o Brasil, criando um contingente de desempregados, quando muito sub-empregados, vivendo em condições de miséria, num país com os piores indicadores de qualidade de vida. O que é inaceitável para uma nação continental chamada Brasil, uma das mais ricas em recursos naturais do mundo. Por isso temos que agarrá-las com afinco, não podemos dar ao luxo de desperdiçá-las, nem de postergá-las. É nosso dever tirar esta população desta indigência, e o setor florestal tem, de folga, todas as condições para tal. Não obstante à distância dos concorrentes externos, infelizmente contra a nossa indústria florestal se coloca alguns brasileiros. Na prática, o que se tem visto é o esforço muito grande de algumas pessoas e instituições, com os mais diversos interesses, entre esses, alguns escusos, de tentar impedir este avanço da silvicultura, fundamentand-se em preconceitos, paradigmas ultrapassados e abstrações contra as plantações comerciais de árvores. Não bastassem os fatores que nos impedem de transformar vantagens competitivas em competitividade, principalmente o conhecido Custo Brasil (carga tributária injusta, infra-estrutura deteriorada e uma burocracia excessiva), a cada momento criam-se situações adversas ao desenvolvimento. O problema é que estas aversões à silvicultura atingiram parte dos órgãos públicos responsáveis pela política ambiental. Em nome do meio ambiente, fundamentado numa legislação florestal anacrônica e sob a soberba do Princípio da Precaução, muitos projetos florestais têm sofrido com o zelo excessivo de alguns processos de licenciamento ambiental, como também paralisados, via influência de ONGs ecoditatoriais, por decisões técnicas que se põem acima da lei e dos princípios da legalidade, moralidade e da impessoalidade. É lógico que reconhecemos as falhas cometidas pelo modelo silvicultural, sob latifúndio e onocultura, que foi implantado no Brasil na década de 60 e 70, e que não somos contrários ao processo de licenciamento ambiental. Na situação em que a qualidade ambiental se encontra, ninguém em sã consciência ousaria criticá-lo. Nos opomos aos excessos cometidos neste. Exigem da silvicultura mais que das demais culturas que destruíram os biomas Atlântico e Cerrado, e que agora estão destruindo a Amazônia. Se considerarmos que a silvicultura não se estabelece onde a agropecuária é forte e só se expande para as áreas antropizadas, degradadas e deprimidas pela agricultura e pecuária tradicional que, em termos de balanço social, econômico e ambiental, acarretaram em grandes prejuízos para a sociedade. Seja pelo desemprego no campo, pela baixa produtividade e rentabilidade das culturas e pela destruição das matas ciliares e nascentes é, no mínimo, descabido, desproporcional e injusto o preciosismo imposto no processo de licenciamento para com as plantações florestais. Indaga-se do por quê se exigir na imlantação de uma atividade florestal mais que a própria lei. Não há nada que justifique, nestas regiões já antropizadas e decadentes, pedir licença para fazer cumprir a função social de uma propriedade, que venha resgatar a dignidade do produtor, gerar empregos, impostos, divisas, rendas e recuperar as áreas de preservação permanente e reserva legal, que há muito tempo a agropecuária destruiu. Basta à silvicultura cumprir a lei florestal, como no caso de São Paulo. Estas exigências exacerbadas só servem para repelir investimentos na área florestal. Temos que ser pró-ativos. Os órgãos ditos de gestão ambiental têm que aprender a fazer jus ao nome Gestão. Tem que antecipar às empresas e direcioná-las aos investimentos, por meio de um zoneamento sério, capaz de considerar além das questões sociais e ambientais, as econômicas. Não avançaremos em nada se inviabilizarmos os investimentos, não há a menor dúvida que a degradação social e ambiental no Brasil é fruto do empobrecimento e das desigualdades ividas nestes 500 anos de história brasileira. Estes órgãos precisam se desvencilhar de uma política de comando e controle, fiscalizatória e arrecadatória, e fazer, ainda que tarde, uma política de extensão ambiental e, também, por que não ser mais ousado, social. Estamos esperando o quê para iniciar esta empreitada? É hora de se evoluir. A silvicultura brasileira passa por profundas transformações. Estamos evoluindo de um modelo concentrador para um descentralizado, onde os produtores, startado pelo programa de fomento florestal, estão desfrutando dos benefícios gerados pelo mesmo. O apego às questões místicas contra as plantações florestais é, no mínimo, medieval. Não há nada de errado com as plantações de árvores, o errado está no manejo dos antigos reflorestamentos, mas já superado. É visível o progresso tecnológico na silvicultura brasileira quanto aos princípios da sustentabilidade. Ela é hoje a mais sustentável do mundo. Quiçá com relação às grandes plantações de cana-de-açúcar, soja, patagens, etc. Estamos anos luz a frente da agricultura com relação a sustentabilidade social e ambiental. O Estado precisa ser mais incisivo, acreditar com veemência que somos o mais competitivo em termos de produção de madeira, e aproveitar disso para fazer o papel indutor dos investimentos florestais. O mundo florestal quer se hospedar no Brasil, mas temos dever de casa para resolver. Não podemos perder este timing, pois num país em que milhões ainda se encontram abaixo da linha de miséria, uma agricultura falida que depende de técnicas pré-históricas e predatórias e que muitos produtores e trabalhadores rurais mendigam para sobreviver, não se pode dar ao luxo de esperar. A hora é esta, ou o desenvolvimento florestal sustentável ou o preciosismo ambiental míope, quando não muito cego que só interessa aos nossos concorrentes. Aos brasileiros, não passa de uma injustiça, uma covardia. Lutarei sempre a favor da primeira.

CURSO de ArcGIS 9.1 – ArcView

Será realizado em três oportunidades, de 22 a 24 de setembro, 06 a 08 de novembro e
08 a 10 de dezembro
Instrutora: Profa Dra Christel Lingnau
INSCRIÇÕES: Para formalizar a inscrição, entre em contato com a FUPEF:
E-mail: fupef@ufpr.br Telefones: (41) 3360-4222 ou 4221